“Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós”.
1Co. 5.7b
Introdução: O termo “páscoa” deriva da palavra hebraica “pessach”,
que significa passar por cima, pular além da marca ou passar sobre
(atravessar). Quando Deus ordenou ao anjo destruidor que eliminasse todo
primogênito na terra do Egito, a casa que tivesse o sinal do sangue do
cordeiro não seria visitada pela morte. (Êxodo 12:1-36). Os judeus passaram
então a celebrar a Páscoa (Pessach) comemorando a saída do Egito, a
passagem para a liberdade. A partir de Jesus, essa celebração foi substituída
pela Ceia do Senhor, com o pão e o vinho, em Sua memória. Não mais para
relembrarmos a saída do Egito, mas para estarmos sempre nos lembrando
da liberdade que nEle há, da Sua morte e ressurreição.
A páscoa celebrava-se com morte de um cordeiro no dia 14 de Abibe (Êxodo
13.4 Mc 14:12 Lucas 2:41).
Abibe significava espigas verdes e corresponde ao primeiro mês do
calendário hebraico. Já em nosso calendário, este mês corresponde a marçoabril.
O homem moderno, em suas muitas ocupações, tem se esquecido do
profundo significado da festa da Páscoa, até porque, a versão secular desta
data é apenas comercial e não religiosa, inserindo significados estranhos ao
que a páscoa tem verdadeiramente dentro do contexto escriturístico.
Tradições pagãs na Páscoa atual:
A origem dos ovos e coelhos é antiga e cheia de lendas. Segundo alguns
autores, os anglo-saxões teriam sido os primeiros a usar o coelho como
símbolo da Páscoa. Outras fontes, porém, o relacionam ao culto da
fertilidade celebrado pelos babilônicos e depois transportado para o Egito. A
partir do século VIII, foi introduzido nas festividades da páscoa um “deus”
teuto-saxão, isto é, originário dos germanos e ingleses. Era um deus para
representar a fertilidade e a luz. À figura do coelho juntou-se o ovo que é
símbolo da própria vida.
Em grande parte dos países ainda é um costume comum, embora que em
outros, os ovos tenham sido substituídos por ovos de chocolate. No entanto,
o costume não é citado na Bíblia. Portanto, este costume é uma alusão a
antigos rituais pagãos. Ishtar ou Astarte é a deusa da fertilidade e do
renascimento na mitologia anglo-saxã, na mitologia nórdica e mitologia
germânica. A primavera, lebres e ovos pintados com runas eram os símbolos
da fertilidade e renovação a ela associados. A lebre (e não o coelho) era seu
símbolo. Suas sacerdotisas eram ditas capazes de prever o futuro
observando as entranhas de uma lebre sacrificada. Ou seja, de origem pagã!
Na tentativa de “cristianizar” uma prática que nada tem a ver com o
verdadeiro sentido bíblico da festa da Páscoa, instituída pelo próprio Deus,
muitos artifícios são utilizados para deturpar verdades simples de Sua
palavra. Alguns até “espiritualizam”, dizendo que o coelho, devido à sua
grande fecundidade, simboliza a Igreja, que recebeu de Deus a capacidade
de gerar muitos discípulos. Vale lembrar que no Antigo Testamento bíblico, o
coelho era tido como animal impuro. Ao seu lado, dizem eles, vem o ovo que
é símbolo de ressurreição, pois contém vida dentro de si que apenas aguarda
o momento de ser revelada, fazendo alusão ao sepulcro de Cristo. Assim, o
ovo de chocolate é lembrado como o túmulo que se abriu para a
ressurreição de Cristo. As pinturas em cores brilhantes que acompanham as
embalagens dos ovos de chocolate representariam a luz solar. Que engano!
A Páscoa significa libertação.
A Páscoa surge como a festa que marcava o fim da opressão escravizadora
de Faraó sobre o povo hebreu. A profecia a Abraão revelava que seus
descendentes ficariam sob o domínio de uma terra estranha por 400 anos,
mas que depois eles seriam libertados e sairiam com grande riqueza (Gn 15:
13,14). E isto de fato ocorreu, mas não antes que esta festa fosse celebrada.
E um pequeno detalhe, se esta festa era a festa da libertação, porque então
ela foi celebrada antes da libertação propriamente dita?
Porque Deus quis ensinar que o sacrifício expiatório, a fé e a nossa
obediência precedem a plena libertação, afinal, Israel não estava sendo
libreto apenas de Faraó, mas também do Anjo Destruidor. A Páscoa dos
hebreus os libertou da escravidão, opressão, miséria e de seus pecados
perante Deus.
A aplicação da Páscoa: A páscoa, como é comemorada pelo mundo, não nos
traz qualquer benefício, mas quando entendemos que nossa Páscoa é Cristo,
então chega a hora de tirarmos das reflexões e práticas correlatas, muitas
importantes lições. Primeiramente aprendemos que se Cristo é a nossa
Páscoa, não faz sentido a comemorarmos com ovos e nem coelhinhos,
tampouco com sacrifício de animais, mas através do sacramento ordenado
por nosso Senhor Jesus Cristo.
Jesus celebrou a páscoa pela última vez e instituiu, em seu lugar, a Ceia
Memorial. Aquela última páscoa ficou encerrada a Antiga Aliança,
relembrada e legalmente instituída no Sinai (Lucas 22:14-18). Logo em
seguida, a Ceia é instituída, memorando a Nova Aliança no Seu Sangue
(Lucas 22: 19,20).
Desta forma percebemos que a Páscoa foi trocada por Jesus pela Ceia. A
Ceia, portanto, é para ser comemorada até que Cristo volte e não a páscoa,
cujo término foi retificado com a morte de Cristo no Calvário.
Nesse sentido, a Páscoa deve ser celebrada por nós com profunda
reverência, até porque, não memorizamos apenas uma vez por ano, mas
todas as vezes que comemos o pão e bebemos o vinho em memória da
morte do Senhor Jesus.
É necessária a celebração da Páscoa hoje?
Não! Por quê? A própria Bíblia responde: “Porque Cristo, a nossa Páscoa, foi
sacrificado por nós” I Co. 5:7. O cordeiro sacrificado por ocasião da Páscoa
relembrava a libertação passada, mas também tipificava o Senhor Jesus
Cristo que haveria de ser sacrificado por nós.
Cristo é o Cordeiro de Deus, a nossa Páscoa.
O cordeiro pascal tinha que ser macho, de um ano, na flor da idade.
Havia de ser sem defeito denotando a pureza de Jesus Cristo. “Sabendo que
não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes
resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas
pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue
de Cristo” I Pedro 1:18, 19.
Havia de ser separado por quatro dias antes, denotando a designação do
Senhor Jesus para ser nosso Salvador.
É interessante notar que, havendo de ser crucificado na Páscoa, Jesus Cristo
entrou em Jerusalém quatro dias antes, no mesmo dia em que o cordeiro
pascal era posto à parte.
Havia de ser morto por toda a comunidade (“Ora, neste caso, seria
necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo;
agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas,
para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado” - Hebreus 9:26),
diante da multidão (“Toda a multidão, porém, gritava: Fora com este! Soltanos Barrabás!” - Lucas 23:18), nenhum osso foi quebrado (“E isto aconteceu
para se cumprir a Escritura: nenhum dos seus ossos será quebrado” - João
19:36).Hoje, no lugar da Páscoa, devemos participar da ceia do senhor. A
Santa Ceia é a maior festa do crente e se ele não desfruta dela a culpa é dele.
A Santa Ceia deve ser uma festa de pão sem fermento. Observada em amor,
sem o fermento da maldade, da hipocrisia, em sinceridade diante de Deus e
dos homens.
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