A depressão foi definida
por Andrew Solomon como um parasita que suga a seiva da nossa vida. É
como engolir seu próprio funeral e vestir-se de uma roupa de madeira. A
depressão é o cárcere da alma, a masmorra das emoções, o cativeiro que
priva milhões de pessoas de nutrirem na alma, a esperança do amanhã. A
depressão é classificada como uma doença e, essa doença, que possui
múltiplas causas, atinge ricos e pobres, jovens e velhos, doutores e
analfabetos, religiosos e ateus. A depressão é uma doença que provoca
muitas outras. Se não tratada convenientemente pode desembocar em
tragédias irremediáveis. A depressão é a principal causa do suicídio no
mundo.
John Piper, em seu livro O Sorriso Escondido de Deus,
trata deste assunto com esmerado cuidado. Há duas posições que
circulam no meio evangélico sobre o assunto, que revelam um
desequilíbrio perigoso. A primeira delas liga a depressão à ação
demoníaca. Os defensores dessa vertente afirmam que as pessoas
deprimidas estão oprimidas e até possuídas por demônios. A segunda
interpretação vincula a depressão a algum pecado específico ainda não
confessado. Assim, uma pessoa fica deprimida porque esconde algum
pecado que precisa ser confessado e abandonado. Não subscrevemos essas
duas interpretações. Julgamo-las deficientes e assaz injustas. É muito
verdade que uma pessoa pode ficar deprimida em virtude de seu
envolvimento com demônios e também como resultado de algum pecado
escondido. Porém, uma pessoa pode ser assolada pela depressão, mesmo
levando uma vida cheia do Espírito Santo. Assim como um indivíduo pode
ser cheio do Espírito e ter um problema cardíaco, também uma pessoa
pode estar plena da presença de Deus e enfrentar o drama da depressão.
Se
há várias causas que provocam a depressão, também há vários sintomas
que a revelam. O primeiro sintoma é que a pessoa deprimida é tomada por
uma desesperança crônica e passa a enxergar a vida pelas lentes
escuras do pessimismo. Não vê uma luz no fim do túnel nem janelas de
escape. Foi o que aconteceu com o profeta Elias. Pensou que somente ele
havia restado dos profetas de Deus em Israel, quando na verdade sete
mil ainda não haviam se dobrado a Baal. O segundo sintoma é olhar para a
vida pelas lentes do retrovisor. Uma pessoa deprimida sente uma
saudade mórbida dos bons tempos que se foram e se desespera diante das
incertezas do seu futuro. Sente-se num calabouço existencial e sem
ânimo e forças para sair desse cárcere da alma. Nessa saga cheia de
pavores, flerta com a própria morte. Não que seu desejo seja de fato
morrer, mas é que sente uma dor tão profunda na alma que o único alívio
que consegue vislumbrar é o alívio da morte. Não podemos subestimar
esses presságios que rondam a alma de uma pessoa depressiva. Isso é uma
espécie de alarme, uma trombeta que precisa de encontrar ouvidos
sensíveis. É por essa razão, que o terceiro sintoma de uma pessoa
deprimida é um completo desânimo quanto ao futuro. É o desejo de fechar
as cortinas da vida e colocar um ponto final na existência.
Como
devemos lidar com a depressão? Como ajudar uma pessoa deprimida?
Primeiro, precisamos orar por ela e com ela. Depois, precisamos
cientificar-nos se essa pessoa está recebendo o tratamento médico
adequado para a sua doença. Ainda, precisamos estar perto dela,
oferecendo-lhe um ombro amigo, um ouvido atento e um coração generoso.
Finalmente, precisamos compartilhar com ela a esperança do evangelho, o
poder da graça de Deus e o consolo das Escrituras. Deus nos vivifica
segundo a sua Palavra. Ele tira a nossa alma do cárcere. Ele acende uma
luz de esperança no túnel escuro do nosso sofrimento. Deus arranca os
gemidos da nossa alma e coloca em nossos lábios, um cântico de vitória.
Em síntese, trata-se da depressão com remédio, terapia e fé.
Mas eu ví no Genizah
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